terça-feira, 23 de agosto de 2011


Estava tudo escuro e comecei a ouvir alguns ruídos, então percebi que acordara – mas permaneci de olhos fechados tentando entender aquele espaço existencial. Embora eu percebesse a existência de tudo o que estava "lá fora", naquele momento parecia existir apenas a minha essência. Permanecer de olhos fechados, ao acordar, permitiu-me descobrir que somente a partir da minha existência o mundo pode existir para mim. E naquela manhã cabia-me decidir trazer o mundo a minha realidade para que eu também pudesse me tornar real.

Abri os olhos, apesar de já estar acordado, e percebi que as decisões que tomamos diariamente permitem-nos existir, porém somente a relação com tudo o que há no mundo pode nos tornar reais. Então me perguntei: como podemos equilibrar esse dilema da individualidade com as relações interativas? Somos livres para decidir, dentro do nosso contexto, o que queremos fazer e qual caminho devemos seguir para  experienciar a vida, mas a relação com outro é o que nos permite existir.

Essa experiência individual, de escolhas e dilemas tão pessoais, traz a sensação de que nos bastamos por nos mesmos. Ao viver, constatamos que só existimos por nos relacionar com tudo o que há no mundo, incluindo a relação que estabelecemos conosco. Com isso, fica muito claro que existe um núcleo existencial peculiar em cada indivíduo, que representa a essência e o ponto de partida de cada ser – mas não acabamos ai – pois nos completamos com a conexão estabelecida com o mundo.

Diante de tudo isso, percebo a necessidade de uma boa compreensão do nosso núcleo individual para estabelecermos relações que promovam a evolução da humanidade. Não há como pensar sociedades evoluídas sem compreender nossa individualidade e a interação humana. Ter a noção clara de quem somos e onde estamos pode ajudar-nos a construir uma sociedade melhor. Por isso acredito que modelos de desenvolvimento que não incluam o homem como elemento central desse processo ou não se preocupam com a sustentabilidade de condições equilibradas do planeta estarão fadados ao fracasso.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A sociedade que não enxerga os indivíduos como pessoas que contribuem para sua formação e configuração padecerá dos desequilíbrios provocados por essa dinâmica social. O poder público e a sociedade civil precisam criar um ambiente favorável ao desenvolvimento das pessoas. Gerar igualdade de oportunidades em um ambiente plural e diverso é o papel da sociedade moderna. Embora sejam diferentes, as pessoas necessitam ter o mesmo nível de acesso a educação, serviços de saúde, segurança alimentar, infraestrutura urbana e rural, conectividade, entre outros.

O Brasil avançou muito nos últimos anos com o pragmatismo econômico aplicado às políticas públicas. O crescimento econômico mostrou que a sociedade brasileira anseia, mas não está preparada para os avanços necessários, pois podemos enumerar uma série de gargalos como: falta de trabalhadores qualificados (educação); infraestrutura insuficiente para manutenção de crescimento econômico sustentável (investimentos); sistema de saúde insuficiente, seja no setor público ou privado (saúde); práticas recorrentes de corrupção em varias níveis e esferas de governo (político); carga tributária elevada que não gera contrapartida condizente com o seu peso (fiscal); gastos públicos elevados e ineficientes (gestão pública).
Todos esses gargalos são ao mesmo tempo causa e conseqüência nessa dinâmica social do Brasil. Transcender essa situação é tarefa que exigirá da sociedade a colocação do homem no ponto central desse processo.  A sociedade deve valorizar seus membros investindo em qualificação humana, pois assim poderemos superar os entraves ao desenvolvimento sustentável do nosso país. Essa mudança de foco pode reduzir os desequilíbrios e desigualdades promovendo um verdadeiro avanço da democracia brasileira.
Acredito que podemos construir uma sociedade mais plural nas suas manifestações e relações, mas acima de tudo um ambiente de igualdade de oportunidades que possibilite a cada brasileiro construir sua individualidade diversa.  Essa sociedade somente será possível com pessoas evoluídas e por isso o foco do desenvolvimento deve ser o homem, para que se torne o novo cidadão dessa experiência verdadeiramente democrática.