terça-feira, 23 de agosto de 2011


Estava tudo escuro e comecei a ouvir alguns ruídos, então percebi que acordara – mas permaneci de olhos fechados tentando entender aquele espaço existencial. Embora eu percebesse a existência de tudo o que estava "lá fora", naquele momento parecia existir apenas a minha essência. Permanecer de olhos fechados, ao acordar, permitiu-me descobrir que somente a partir da minha existência o mundo pode existir para mim. E naquela manhã cabia-me decidir trazer o mundo a minha realidade para que eu também pudesse me tornar real.

Abri os olhos, apesar de já estar acordado, e percebi que as decisões que tomamos diariamente permitem-nos existir, porém somente a relação com tudo o que há no mundo pode nos tornar reais. Então me perguntei: como podemos equilibrar esse dilema da individualidade com as relações interativas? Somos livres para decidir, dentro do nosso contexto, o que queremos fazer e qual caminho devemos seguir para  experienciar a vida, mas a relação com outro é o que nos permite existir.

Essa experiência individual, de escolhas e dilemas tão pessoais, traz a sensação de que nos bastamos por nos mesmos. Ao viver, constatamos que só existimos por nos relacionar com tudo o que há no mundo, incluindo a relação que estabelecemos conosco. Com isso, fica muito claro que existe um núcleo existencial peculiar em cada indivíduo, que representa a essência e o ponto de partida de cada ser – mas não acabamos ai – pois nos completamos com a conexão estabelecida com o mundo.

Diante de tudo isso, percebo a necessidade de uma boa compreensão do nosso núcleo individual para estabelecermos relações que promovam a evolução da humanidade. Não há como pensar sociedades evoluídas sem compreender nossa individualidade e a interação humana. Ter a noção clara de quem somos e onde estamos pode ajudar-nos a construir uma sociedade melhor. Por isso acredito que modelos de desenvolvimento que não incluam o homem como elemento central desse processo ou não se preocupam com a sustentabilidade de condições equilibradas do planeta estarão fadados ao fracasso.